Religião. Palavra que causa e sempre causou tantos reboliços na mente e comportamento humanos em todos os tempos. Desde os primórdios, sempre creu-se em algo superior a este mundo, alog que transcendesse a esta existência. Seja por desocupação ou a frenética vontade de ter aliviados os dissabores desta vida miserável. E, de fato, toda essa vontade de servir algo superior, adorar, submeter-se ao divino, sempre veio de Alguém realmente superior, infinitamente acima do que se pode conceituar. Então o Ser divino, Criador e sustentador de todas as coisas resolveu revelar-Se (o que o fez desde o início), comunicando-se de forma compreensível aos homens. Estes, ora obedeciam, ora rebelavam-se. Claro, mais foram rebeldes do que qualquer outra coisa. Passou-se o tempo, cumpriram-se as profecias, justiça de Deus aplicada, e, na plenitude dos tempos, Ele, o Deus do universo, envia seu Filho para cumprir, de homem pra homem seus eternos e afáveis preceitos.
Religião. A verdadeira, autêntica, conforme na epístola de Tiago. Foi isso que o Filho veio ensinar. Treinou e discipulou homens vis, mas que dispuseram-se ao serviço da verdade de todo o seu coração. Basta uma vida simples, baseada no amor e na caridade, boa vontade, fé em Deus e um bom serviço. Adorar ao Criador e cuidar uns dos outros. Simples assim.
Aí eu me recordo das aulas de Antigo Testamento, quando o professor dizia sobre a vida de Salomão, fazendo uma lista de seus erros. Comprou e ajuntou cavalos, casou-se com a filha de Faraó, teve muitíssimas mulheres, ajuntou para si ouro e prata em demasia (prata era mato em Israel nessa época), e o erro fatal de sua carreira: esqueceu-se da Escritura. Não tenho dúvida de que, se este último não fosse cometido, Salomão poderia ter, pelo menos, descumprir menos preceitos do que descumpriu. Em suma, Salomão, o maior sábio e mais glorioso rei de todos, fez tudo o que um rei NÃO podia fazer. Até adorar ídolos, influenciado por suas mulheres, muitas delas estrangeiras. Envelheceu e ficou tão arrependido de ter vivido tanto tempo longe de Deus que chamou a vida terrena de "vaidade de vaidades e correr atrás do vento". Triste e pessimista.
E comecei a pensar nos "crentes", "servos de Deus" de hoje. Como estamos vivendo? Temos praticado a verdadeira religião? Ou temos cometido os mesmo erros de Salomão?
Será que não confiamos demais nos nossos "cavalos", nossa capacidade pessoal (chamando de "meu potencial" o que foi gratuitamente concedido por Deus); casando com filhas de Faraó (relacionando-nos com que não devíamos, deixando políticos e empresários discursarem levianamente onde era para ser pregada a Palavra); coabitando com muitas esposas, que nos dêem todo o prazer que nos agrada, corruptas e idólatras, tais como estes ventos de doutrinas diabólicas que são empurradas goela abaixo desses pobres coitados que curtem uma enganaçãozinha; sendo influenciados e apregoando uma mentira desgraçada, cedendo aos encantos deste sistema demoníaco e idolatrando ao capitalismo. Desprezamos o amor a Deus e ao próximo e resolvemos seguir nossos objetivos egoístas, adorando a Mamon, julgando aos marginais, barganhando com Deus, vivendo uma religiosidade odiosa e enojante... não estaremos vivendo uma mentira cheia de exclusivismos e preconceitos ?
Cometemos os mesmos erros de Salomão. As mesmas bobagens. Fizemos o que não deveríamos fazer e deixamos de ser o que nos era devido. Afinal, a verdadeira religião nao lota templos, não rende boas entradas, não paga programa de TV nem aeronaves luxuosas. Amor? Ajuda? Caridade? Deus? Pra que, se eu posso pregar o toma-lá-dá-cá recheado de uma auto-ajudazinha de araque e ser bem mais recompen$ado?
E contemplamos aqueles a quem denominamos idólatras, adoradores de imagens, hereges, seitas... todas essas pessoas, que, na nossa concepção, não professam nem vivem a Verdade... sendo muito, muito mais cristãs do que nós. Tendo muito mais amor do que nós. Que sabem se estruturar, que se organizam, fazem um belo trabalho e, de fato, contribuem com o próximo. Deixamos para os que chamamos hereges, falsos profetas, o trabalho que é NOSSO!!! QUEM É HEREGE? QUEM É IDÓLATRA? QUEM É FALSO PROFETA?
Tornamo-nos egoístas e desgraçadamente narcisistas. Fizemos tudo, tudo errado. Ah, Jesus Cristo, meu Deus... precisamos de outra reforma. Para que, futuramente, não venhamos escrever, abatidos, uma versão moderna de Eclesiastes.