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quinta-feira, 25 de março de 2010

IV




Depois de transposta a duna, observei sem muito desespero o vasto deserto que me esperava. O sol continuava escaldante e perturbador. Mas não havia outro meio, eu já havia enculcado-me que parar era morrer (mais rápido), fato este que, apesar das circunstâncias bem adversas, não fazia parte de meus planos.
Continuei a caminhada devagar, estava com muita sede e fome, meu corpo estava assaz debilitado e minha mente ainda mais confusa. O suor descia aos olhos e provocava um ardor muito incômodo.
A tarde se seguia com muito vento e calor. Minhas vistas já não funcionavam direito e, de vez em quando eu tinha alguma vertigem. " é... não devo demorar a morrer", pensei. E tive um pouco mais de certeza quando consegui observar o sombrio horizonte à minha frente. Era uma mistura de pavor pela situação, mas uma expectativa de alívio que traria depois.
Depois de andar tanto tempo moribundo e escapar da morte tantas vezes, eis que diante de meus olhos, uma grande e monstruosa... tempestade.



Esbocei um sorriso, sem tentar fugir. Na verdade, não havia como, não existia meio. De alguma forma eu tinha certeza de que tudo aquilo não foi em vão. Agradeci a Deus e continuei caminhando.

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